O sistema financeiro nos EUA está em risco?

Investidores com medo

O Silicon Valley Bank

O problema (1)

  1. No ciclo pós-covid, o farto dinheiro prosperou e as startups captaram centenas de bilhões de dólares. Como o banco atende muitas delas, ele viu seus depósitos crescerem muito rápido.
  2. Até meados do ano passado, os depósitos de curto prazo não pagavam juros muito atrativos quando falamos de investimentos extremamente seguros e líquidos, como os títulos do tesouro americano, em que teoricamente os clientes e o próprio banco deveriam investir as necessidades de curto prazo.
  3. Em busca de melhores resultados, o banco aplicou um pouco do dinheiro de curto prazo em ativos um pouco mais arriscados, como MBS (Mortgage Based Securities), que ofertavam um rendimento melhor do que os títulos do tesouro.
  4. Acontece que os juros subiram muito rapidamente e, como sabemos, os títulos passam por uma marcação a mercado. Se você não entende muito bem esse conceito, recomendo o vídeo da Marilia Fontes em nosso canal do YouTube.
  5. Como os títulos em que o banco colocou o dinheiro são de longa maturação (long duration), eles sofrem mais com o aumento dos juros.
  6. O banco se viu na necessidade de vender uma parte desses títulos para fazer frente à utilização de recursos de seus clientes.
  7. Muitas startups estão enfrentando uma realidade difícil nesse trimestre, pois a queima de caixa tem aumentado, ou seja, elas precisam do dinheiro que está no banco para pagar as contas.
  8. Por outro lado, o banco precisa disponibilizar esse dinheiro para as empresas.
  9. Se o dinheiro foi investido, ele precisa desfazer esse investimento para dar os recursos para as empresas.
  10. Para fazer frente a essa demanda de “resgates” — na verdade, empresas usando o dinheiro delas — o Silicon Valley Bank vendeu US$ 21 bilhões em títulos (incluindo títulos do tesouro e MBS) com prejuízo de US$ 1,8 bilhão.

O problema (2)

  1. Até o vencimento (hold to maturity — HTM): quando a instituição financeira não vê necessidade de se desfazer dos títulos que estão em sua carteira (e foram comprados obviamente com dinheiro dos clientes), ela classifica esses títulos como “até o vencimento”, e o valor do título não se altera mesmo com a alta dos juros (que deveria ter um impacto negativo no preço unitário do título (PU), fazendo com que ele valesse menos).
  2. É como se o banco falasse: “comprei esse título por $95, os juros subiram, agora ele vale $90 — apenas se eu vender neste momento –, mas como não vejo necessidade disso, no meu balanço eu não mudo o valor dele, que permanece $95”, algo dessa natureza. Perdi, mas não perdi — é a famosa marcação na curva.
  3. Disponível para venda (available-for-sale — AFS): Quando o banco enxerga a necessidade de vender uma parte dos títulos por conta de resgates, eles passam a ser classificados como “disponíveis para venda”.
  4. Nesse momento, se o título que foi comprado por $95 vale na verdade $90, o banco vai falar que teve uma perda de $5. Nesse caso, o banco realmente vende os títulos no mercado pelo preço vigente e assume a perda entre o preço de compra do título e o preço de venda, se for o caso. Perdi mesmo — é a famosa marcação a mercado.

Até agora, apenas um susto

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